terça-feira, 25 de agosto de 2009

Como que a morrer!...

















Aguarela cena rural, autor: José M. Silva


Como que a morrer!...
Sonhos, murmúrios, lágrimas,
infâncias perdidas, juventudes roubadas.

Tristes e envelhecidas paredes
fortificam as manhãs claras
pilar dos medos e das amarguras
das brumas e das noites despovoadas.

Como que a morrer!...
Já sem portas nem janelas abrigas
a densa vegetação das intempéries.

Lágrimas perdidas, regaços envelhecidos,
colos maternos e seios distantes.
Na inércia das ruínas embriagadas
das leiras e dos enigmas nocturnos.

José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»

5 comentários:

  1. Aguarela cheia de luz acompanhada por um poema muito suave, muito sincero.
    Um prazer a tua visita - aparece para o chá sempre que possas...
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Não é verdade que não aprecio poesia. É verdade que me custa a entender a poesia e que não gosto da que não entendo. Gosto da poesia mais ingénua, mais ao estilo António Aleixo. Quando o poeta rebusca muito e eu não entendo o que ele quer dizer é que é mau. Não se gosta daquilo que não se entende.
    Ora assim sendo: este teu poema é muito triste. Um mulher que carrega o peso do mundo sobre um passado de amargura. Será?
    Ulisses de James Joyce é o clássico Ulisses? Um dia tenho que me dedicar aos clássicos... Quanto ao livro, fica a dica, que eu tenho uns quantos na estante. se bem me conheço ainda te voltarei a perguntar: como era mesmo aquele livro de que me falaste há uns tempos?
    Até breve. Vou visitar mais dois ou três poemas.

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  3. Responde no meu blog. Há qualquer coisa nas subscrições que não está a funcionar bem.

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  4. Pode ser como que a morrer, mas da pintura transparece uma vida cheia!
    Gostei muito do quadro!

    Bjs
    Fa

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