terça-feira, 21 de dezembro de 2010

A bondade da água ou o caminho do pão!...



Acrilico s/tela
Med: 50x70cm
Autor: José M. Silva

As janelas fazem transparecer
um mundo tão permanente e efémero,
quanto a mulher de vermelho.
Esta espelha o seu modo de graça
divino e materialista.
A multidão apressada esconde, o olhar,
do olhar inocente!
O comerciante mostra-se apreensivo,
com os hóspedes de rua.
E, os anjos de branco, filhos do homem
que não soube o que é ser criança.
Esperam a bondade da água ou o caminho do pão!

Votos de feliz Natal e feliz Ano Novo!

José M. Silva

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Fantasmas sem rosto



Titulo: Fantasmas sem rosto
Acrilico s/tela, dim: 30 x 40 cm
Autor: José M. Silva

Nota. Na tela original, o mendigo tem a cara tapada.
Alteração feita após a foto.

O traço foge-me nas palavras.

Aquelas que recordo um dia ter dito, lido ou ouvido

num qualquer botequim de rua ou bar de esquina!…

Recordo o instante, o gesto, a mão, o rosto

e guardo tão vivo quanto vivo esta vida de mito.

Crente em coisa alguma, aguardo

o traço pesado e sombrio, que embalo

neste medo, que me crucifica o corpo e a alma.

As forças esvaecem-se, o pão é uma utopia.

A minha casa não tem portas nem janelas.

Lavo-me da morte e da corrente que me assola as vísceras!

E, o traço foge-me nas palavras errantes,

no redesenho dos fantasmas sem rosto.


José M. Silva



quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A água faz transparecer a nudez


Pintura digital. José M. Silva

A água faz transparecer a nudez
do brilho que desvanece aos olhos.
Sangue sem identidade voa
na paleta mesclada do pintor.
Este alumia o corpo e a alma
e adivinha as correntes com traços
e imagens a nascer d´outras terras.

José M. Silva

Em livro "As Sombras"

domingo, 15 de agosto de 2010

Bem... a tinta estava a dar as últimas mas...



Esboço para a exposição que vou
apresentar no próximo mês de Outubro,
no Clube Literário do Porto, intitulada:
Combate à pobreza e à exclusão social.


terça-feira, 10 de agosto de 2010

A mulher do meu poema


Pintura digital
Autor: José M. Silva

A mulher do meu poema
apareceu ao cair da noite
vestida de branco, inundada de amor.
Entrelaçou os seus dedos imaginários,
abriu-me os olhos e percorreu-me o corpo.
Enlacei o seu corpo desnudado,
ancorado na penumbra 
dei-lhe um beijo roubado.
Recriei-a no tempo
reproduzi-a no espaço.
No espaço !.. Das noites e dos dias.

A mulher do meu poema
apareceu ao cair da noite.
Tocou o meu pensamento,
sentiu o meu desejo,
ouviu o meu segredo,
Abraçou-me e mergulhou
nas profundezas.
Prendeu-me nas algas
e levou -me ao fundo do mar.
Mostrou-me tesouros submersos, casulos e corais.
No espaço !.. Das noites e dos dias.

A mulher do meu poema
apareceu ao cair da noite.
No espaço !.. Das noites e dos dias.

José M. Silva

terça-feira, 25 de maio de 2010

Verifiquei que as cores se distanciavam



Desenho a lápis de cor azul
Autor José M. Silva


Verifiquei que as cores se distanciavam

quanto mais frias.Mas o seu fogo

retraía-me o olhar.

Verifiquei também que as formas surgiam

como pássaros num voo cerrado.

As linhas renovavam-se

numa junção física e intuitiva.

No nascer suspenso, de uma mutabilidade,

que pairava no silêncio

e no registo delineado do tempo.

Tempo que não apaga, nem os sonhos, nem o som,

com que invento a descrição do teu rosto.


José M. Silva


Do Livro «As Sombras» 2010



sexta-feira, 2 de abril de 2010

Em pecado


Desenho a caneta autor: José M. Silva

Da tua graça
não vou falar
mas do dia em que na praça
te vi passar.

Passaram dias, meses, anos…
até que, naquele dia
em que cedo anoitecia
como que por magia
finalmente te vi!

Era Inverno
caía uma chuva miudinha
disseste-me olá, seguido de uma gracinha
e deste-me um beijo terno.

Estavas gelada
mas alegre e sorridente.
A chuva não parava
eu para ti olhava
e o tempo voava…

Fixaste os meus olhos
como quem olha o horizonte
como quem procura uma ponte!

Era o nosso amor de outrora
mas tinha hora…

Abstractos caminhos cruzamos
sonhos reais passámos
choros e angustias vivemos
de mágoas e culpas padecemos.

Mas num sopro de alegria
sussurraste se eu queria
de novo aquele dia.
Que não foi sonho nem magia
foi como um eclipse da lua
e de novo te vi nua…


José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»

quarta-feira, 3 de março de 2010

Falo


Pintura digital
Titulo: Á beira-rio
Autor. José M. silva



Falo
daquele dia
em que fomos nós
nas margens do rio.
A água corria nos olhos
e as flores cresciam nas mãos…
Falo
daquela tarde
em que o Outono fervia
e as folhas nos afagavam.
Numa dança crepuscular
e nos beijos ardiam no ar
Falo
do amor
da caligrafia do teu corpo
da cumplicidade do tempo
da brancura do teu rosto
da doçura dos teus lábios…
Falo… devaneios!

José M. Silva



quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Embalo nas correntes serpentinas


Pintura Digital
Titulo: Movimento Poético
Autor. José M. Silva


Embalo nas correntes serpentinas

que deslizam embriagadas

plos ventos.

Mergulho nas encostas áridas,

repletas de mistérios e enigmas nocturnos.

Sou amante da estrada, amante dos sonhos.

Sonho com corpos dançantes,

seios insinuantes e lábios carnudos.

Projecto pontes no ar e espelhos camuflados.

Vibro com mulheres encharcadas,

galopantes do sexo e enroladas em lençóis de sémen.

Vibro com combustões erécteis.

Vibro com as correntes da vida.

José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»



segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Ébria de mel



Quadro a óleo intitulado «Os amantes»
Autor: José M. Silva


Ébria de mel em mim entras

enrolada em doces espirais

e conexões sem eco.

E, no ranger desta ansiedade,

no profundo fechar de olhos

nesta noite que já esvoaça


APARECES!!!.....


Temerosa estátua de corpo desnudado

de olhar profundo e longínquo.

Estendes-me os teus frescos braços de flor

e nos teus seios repouso.


Mas na minha solidão

Permaneces ausente ausente:

do vento, do mar, das gaivotas,

dos veleiros e das rosas que dirijo.

Dos crepúsculos em olhares de boneca

dos búzios em terras santas

dos beijos que cantam nos rios…


José M. Silva


Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»

domingo, 3 de janeiro de 2010

Viajo por todos os lugares possìveis e impossíveis.


Aguarela de Veneza autor: José M. Silva


Viajo por todos os lugares possíveis e impossíveis,

conhecidos e desconhecidos, imagináveis e inimagináveis.

Viajo pelas brumas, bebo do espumante das ondas,

mergulho nas pradarias marítimas, visito os crustáceos,

admiro as estrelas e deliro com os cavalos marinhos.


Vou ao fundo, bem ao fundo, mais fundo não há!

Avisto barcos piratas, baús e artefactos valiosos.

Regresso à superfície e, em mim, cresce um verde renovado

nas chamas que correm nas águas transparentes dos rios...

estes fluem livremente nas flores e na luz do amor.


As crianças brincam em tapetes vivos, os lagos envaidecem-nas...

pintam colinas da cor do céu, pintam árvores da cor do mar,

pintam mundos novos, com novos arco-íris e vivem as cores.

Pintam andorinhas, terras distantes e paraísos desnudados.

Crescem nas palavras indizíveis da cruel e imaculada inocência.


Viajo por todos os lugares possíveis e impossíveis,

vou ao fundo, mesmo ao fundo da minha nudez.

Presenteio a minha apaguês dispersa na volúvel simetria,

olho os astros, as constelações e moldo-me na argila

como um missing link num fosso de duplos labirintos.


José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»