domingo, 3 de janeiro de 2010

Viajo por todos os lugares possìveis e impossíveis.


Aguarela de Veneza autor: José M. Silva


Viajo por todos os lugares possíveis e impossíveis,

conhecidos e desconhecidos, imagináveis e inimagináveis.

Viajo pelas brumas, bebo do espumante das ondas,

mergulho nas pradarias marítimas, visito os crustáceos,

admiro as estrelas e deliro com os cavalos marinhos.


Vou ao fundo, bem ao fundo, mais fundo não há!

Avisto barcos piratas, baús e artefactos valiosos.

Regresso à superfície e, em mim, cresce um verde renovado

nas chamas que correm nas águas transparentes dos rios...

estes fluem livremente nas flores e na luz do amor.


As crianças brincam em tapetes vivos, os lagos envaidecem-nas...

pintam colinas da cor do céu, pintam árvores da cor do mar,

pintam mundos novos, com novos arco-íris e vivem as cores.

Pintam andorinhas, terras distantes e paraísos desnudados.

Crescem nas palavras indizíveis da cruel e imaculada inocência.


Viajo por todos os lugares possíveis e impossíveis,

vou ao fundo, mesmo ao fundo da minha nudez.

Presenteio a minha apaguês dispersa na volúvel simetria,

olho os astros, as constelações e moldo-me na argila

como um missing link num fosso de duplos labirintos.


José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»

6 comentários:

  1. Encontra-te nos "caminhos inéditos do pensamento"...
    Pareces perdido, pareces sofrido... mas sabes para onde queres ir. Só não sabes como.

    Beijos e fica bem.

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  2. ... esqueci-me de dizer que a tua aguarela é belíssima.

    Bj

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  3. Bom dia Tia

    Quem não se procura? Realmente estou perdido... e como gosto de me perder!


    É bela a aguarela... inspirei-me em ti! :-)

    Bjs... tem um lindo dia!

    José

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  4. Assim até me sinto uma Musa inspiradora... :-)

    Que bem.

    Beijo

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  5. Tu és uma Musa, Tia!

    Eu não diria; que bem! Eu diria; que bom!

    Afinal para que são os amigos, senão para nos fazer sentir bem...

    Eu sou aquele amigo que nunca ri do...
    mas sempre com...

    Beijo

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  6. Gosto MUITO das 3 primeiras estrofes, mas a última... é pesadita. O poema é levinho e claro e acaba (para mim) numa incónita.
    Ai... eu e a poesia...

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