As janelas fazem transparecer um mundo tão permanente e efémero, quanto a mulher de vermelho. Esta espelha o seu modo de graça divino e materialista. A multidão apressada esconde, o olhar, do olhar inocente! O comerciante mostra-se apreensivo, com os hóspedes de rua. E, os anjos de branco, filhos do homem que não soube o que é ser criança. Esperam a bondade da água ou o caminho do pão!
A água faz transparecer a nudez do brilho que desvanece aos olhos. Sangue sem identidade voa na paleta mesclada do pintor. Este alumia o corpo e a alma e adivinha as correntes com traços e imagens a nascer d´outras terras.
A mulher do meu poema apareceu ao cair da noite vestida de branco, inundada de amor. Entrelaçou os seus dedos imaginários, abriu-me os olhos e percorreu-me o corpo. Enlacei o seu corpo desnudado, ancorado na penumbra dei-lhe um beijo roubado. Recriei-a no tempo reproduzi-a no espaço. No espaço !.. Das noites e dos dias.
A mulher do meu poema apareceu ao cair da noite. Tocou o meu pensamento, sentiu o meu desejo, ouviu o meu segredo, Abraçou-me e mergulhou nas profundezas. Prendeu-me nas algas e levou -me ao fundo do mar. Mostrou-me tesouros submersos, casulos e corais. No espaço !.. Das noites e dos dias.
A mulher do meu poema apareceu ao cair da noite. No espaço !.. Das noites e dos dias.