sexta-feira, 2 de abril de 2010

Em pecado


Desenho a caneta autor: José M. Silva

Da tua graça
não vou falar
mas do dia em que na praça
te vi passar.

Passaram dias, meses, anos…
até que, naquele dia
em que cedo anoitecia
como que por magia
finalmente te vi!

Era Inverno
caía uma chuva miudinha
disseste-me olá, seguido de uma gracinha
e deste-me um beijo terno.

Estavas gelada
mas alegre e sorridente.
A chuva não parava
eu para ti olhava
e o tempo voava…

Fixaste os meus olhos
como quem olha o horizonte
como quem procura uma ponte!

Era o nosso amor de outrora
mas tinha hora…

Abstractos caminhos cruzamos
sonhos reais passámos
choros e angustias vivemos
de mágoas e culpas padecemos.

Mas num sopro de alegria
sussurraste se eu queria
de novo aquele dia.
Que não foi sonho nem magia
foi como um eclipse da lua
e de novo te vi nua…


José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»