quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Não me perguntem como pinto?


Aguarela (Areeinho) Autor: José M. Silva

Não me perguntem como pinto?
Apenas sinto! É esse o meu pintar.
Desenho, mancho, esborrato... sou por vezes insano.
Sou o meu abismo... sucedo-me, encandeio-me, sou eu em mim.
O sentimento abalroa o nascer e renascer das formas
sinto-as e paro. Deve-se sempre parar…

Não me perguntem das cores?! Misturam-se...
em tons adjacentes, inebriados... complementam-se!
São o claro e o escuro, o quente e o frio, o dia e a noite,
a vida e a morte!

Não me perguntem como pinto?
Pois quando as saudades matam, vejo todos
os mares de rosas que me iluminam.
Procuro! E quando aparece sinto e é tão bom sentir!
O momento é vida e a vida leva-nos sempre nos seus mistérios…

José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»