Aguarela autor: José M. Silva
Verdes anos
Foi a loucura
pragmática
nos tempos,
das
traves esquartejadas.
Fomos
comuns lampiões
com
ideais liberais…
Foi como
se...
na ira
das vontades e dos quereres,
proliferasse
uma fértil omnipresença
das
vinhas, dos áureos e empíricos desejos.
Cortejámos
com voracidade a utópica Mais-valia.
Fomos
tontos, mascarados
galopamos
por montes e vales
e
surfamos nas ondas!…
Saqueamos
sementes voltaicas
e
partículas orgânicas.
Fomos
energia em constante renovação
combatemos
a neutralidade de Antíoco da Síria.
Andamos à
boleia dos ventos,
da rosa, da
rosa – dos – ventos,
rosa cor
de mapa.
Atiçamos
linces raivosos
cobrimos
adultérios imundos
preenchemos
toda a vastidão dos densos bosques
e
pinheirais como centauros.
Num só
dia, cobrimos Roma e Pavia,
fomos
gafanhotos e pagãos neuróticos
navegamos
em botes furados,
içamos
velas quinhentistas
galgamos
oceanos verdes de lés - a - lés.
Fomos
forças invisíveis.
Cometas nascidos
na terra,
embebidos
no fogo, na água e na luz…
Na luz do
meu poema.
José
M. Silva
Em livro
«Há copos, garfos inebriados dentro de mim»