quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Verdes anos


Aguarela autor: José M. Silva


Verdes anos

Foi a loucura
pragmática nos tempos,
das traves esquartejadas.
Fomos comuns lampiões
com ideais liberais…

Foi como se...
na ira das vontades e dos quereres,
proliferasse uma fértil omnipresença
das vinhas, dos áureos e empíricos desejos.
Cortejámos com voracidade a utópica Mais-valia.

Fomos tontos, mascarados
galopamos por montes e vales
e surfamos nas ondas!…
Saqueamos sementes voltaicas
e partículas orgânicas.
Fomos energia em constante renovação 
combatemos a neutralidade de Antíoco da Síria.
Andamos à boleia dos ventos,
da rosa, da rosa – dos – ventos,
rosa cor de mapa.
Atiçamos linces raivosos
cobrimos adultérios imundos
preenchemos toda a vastidão dos densos bosques
e pinheirais como centauros.

Num só dia, cobrimos Roma e Pavia,
fomos gafanhotos e pagãos neuróticos
navegamos em botes furados,
içamos velas quinhentistas
galgamos oceanos verdes de lés - a - lés.
Fomos forças invisíveis.
Cometas nascidos na terra,
embebidos no fogo, na água e na luz…
Na luz do meu poema.


José M. Silva

Em livro «Há copos, garfos inebriados dentro de mim»